quarta-feira, 22 de julho de 2015

Dia - Objeto de Amar - Adélia Prado


Dia


As galinhas com susto abrem o bico

e param daquele jeito imóvel

- ia dizer imoral -

as barbelas e as cristas envermelhadas,

só as artérias palpitando no pescoço.


Uma mulher espantada com sexo:

mas gostando muito.


Adélia Prado



Objeto de Amar


De tal ordem é e tão precioso

o que devo dizer-lhes

que não posso guardá-lo

sem que me oprima a sensação de um roubo:

cu é lindo!


Fazei o que puderdes com esta dádiva.

Quanto a mim dou graças

pelo que agora sei

e, mais que perdôo, eu amo.



Adélia Prado


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