Rumo
Alda Lara
É tempo, companheiro!
Caminhemos...
Longe, a Terra chama por nós,
e ninguém resiste à voz
Da Terra...
Nela,
O mesmo sol ardente nos queimou
a mesma lua triste nos acariciou,
e se tu és negro e eu sou branco,
a mesma Terra nos gerou!
Vamos, companheiro...
É tempo!
Que o meu coração
se abra à mágoa das tuas mágoas
e ao prazer dos teus prazeres
Irmão
Que as minhas mãos brancas se estendam
para estreitar com amor
as tuas longas mãos negras...
e o meu suor se junte ao teu
suor, quando rasgarmos os trilhos
de um mundo melhor!
Vamos!
que outro oceano nos inflama...
Ouves?
É a Terra que nos chama...
É tempo, companheiro!
Caminhemos...
Prelúdio
Alda Lara
É tempo, companheiro!
Caminhemos...
Longe, a Terra chama por nós,
e ninguém resiste à voz
Da Terra...
Nela,
O mesmo sol ardente nos queimou
a mesma lua triste nos acariciou,
e se tu és negro e eu sou branco,
a mesma Terra nos gerou!
Vamos, companheiro...
É tempo!
Que o meu coração
se abra à mágoa das tuas mágoas
e ao prazer dos teus prazeres
Irmão
Que as minhas mãos brancas se estendam
para estreitar com amor
as tuas longas mãos negras...
e o meu suor se junte ao teu
suor, quando rasgarmos os trilhos
de um mundo melhor!
Vamos!
que outro oceano nos inflama...
Ouves?
É a Terra que nos chama...
É tempo, companheiro!
Caminhemos...
Prelúdio
Alda Lara
(para Lídia, minha velha ama negra)
Pela estrada desce a noite
Mãe-Negra desce com ela.
Nem buganvílias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guizos
nas suas mãos apertadas...
Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.
Mãe-Negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo
nas folhas do cajueiro...
tem voz de noite descendo
de mansinho pela estrada.
... Que é feito desses meninos
que gostava de embalar?
Que é feito desses meninos
que ela ajudou a criar?
Quem ouve agora as histórias
que costumava contar?...
Mãe-Negra não sabe nada.
Mas ai de quem sabe tudo,
como eu sei tudo,
Mãe-Negra...
É que os meninos cresceram,
e esqueceram
as histórias
que costumavas contar...
Muitos partiram pra longe,
quem sabe se hão de voltar!...
Só tu ficaste esperando,
mãos cruzadas no regaços,
bem quieta, bem calada...
É tua a voz deste vento,
desta saudade descendo
de mansinho pela estrada...
In Resistência Africana-Antologia Poética, Diabril Editora, 1975 - Lisboa, Portugal
(para Lídia, minha velha ama negra)
Pela estrada desce a noite
Mãe-Negra desce com ela.
Nem buganvílias vermelhas,
nem vestidinhos de folhos,
nem brincadeiras de guizos
nas suas mãos apertadas...
Só duas lágrimas grossas,
em duas faces cansadas.
Mãe-Negra tem voz de vento,
voz de silêncio batendo
nas folhas do cajueiro...
tem voz de noite descendo
de mansinho pela estrada.
... Que é feito desses meninos
que gostava de embalar?
Que é feito desses meninos
que ela ajudou a criar?
Quem ouve agora as histórias
que costumava contar?...
Mãe-Negra não sabe nada.
Mas ai de quem sabe tudo,
como eu sei tudo,
Mãe-Negra...
É que os meninos cresceram,
e esqueceram
as histórias
que costumavas contar...
Muitos partiram pra longe,
quem sabe se hão de voltar!...
Só tu ficaste esperando,
mãos cruzadas no regaços,
bem quieta, bem calada...
É tua a voz deste vento,
desta saudade descendo
de mansinho pela estrada...
In Resistência Africana-Antologia Poética, Diabril Editora, 1975 - Lisboa, Portugal
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